Hoje prometo que não vou falar de amor,
Avidamente me agarro ao computador,
Pois que, se de tanta matéria há para escrever,
Eis que nenhum tema surge… mas tem que haver…
A chama trémula, na brasa quente se aviva,
Enquanto a escuridão fria em si se fecha,
Meus dedos dançam sofregamente sobre o teclado,
Busca desenfreada por algo radioso e belo,
Radioso e belo é o amor que hoje não vou escrever.
Minhas palavras saltam das teclas crepitantes
Em cada traço ágil procuro uma revelação,
Quem sabe, um estranho numa piada privada,
Que afaste de mim o sobrecarregado verso,
Trazido enfim, pela inimiga desconhecida,
Somente o sofrimento poderia me enxergar concisa.
Mergulhando mais fundo no recesso escuro abaixo,
Uma luz brilha pedindo para ser seguida,
Se é a felicidade que vem, eu estou aqui,
Talvez seja essa a desgraça final,
Com a dureza da mente e a maciez da mão,
Armada apenas de fé assaltando o coração,
Descubro que “sem amor” hoje eu estou perdida,
Pois que, é de amor que sempre estou vestida,
…
Mas hoje… prometo que não vou falar de amor,
Esse “amor” freneticamente apaixonante para os poetas,
Tem neste canto portas tresloucadamente abertas!
A. Victorino