Foi longo o tempo nessa terra,
Que dor e tanto mal encerra,
Já não havia mais o dia!
Só uma luz imaginária,
De feixe e cor incendiária
Que minha alma aquecia!
Num pulsante rasgo de magia,
Clamei a Deus por mais um dia,
Anjos ergueram-se em rebeldia!
Anjos caídos à beira do abismo,
Na sede do seu habitual eufemismo,
E das trevas surgiram os inimigos!
E quem virá para me salvar?
Se eu pudesse ver,
O que há para amar;
Se eu pudesse tocar,
O que não conheço;
Se eu pudesse voar,
Virar o mundo pelo avesso!
Vi anjos de luz,
Também vi anjos negros,
Feridas cheias de pus,
Mistério envolto em segredos,
Danças loucas num frenesim!
Fui levada pelo sopro do pecado,
Pela sede do sangue que derramara,
Fui ser triste, fui animal magoado,
Num mundo em que o tempo já terminara…
E que renasceu um novo tempo só para MIM!
A. Victorino
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