Todos nós temos no peito
Casas feitas a preceito
Com janelinhas sem fecho
Abertas de par em par.
A esse móbil de dor
eu chamo desilusão
e com dureza e fervor
mas com certa moderação
Janelas estou a fechar.
Surpreendida fiquei
Por cada uma que fechei...
Ao contrário do que eu sei
Ao invés de sufocar
Uma lufada de ar fresco
Me fez melhor respirar.
Fechei as janelas:
da Mentira,
da Insegurança,
da Dor,
da Traição,
e a porta do Amor!
Os lençóis foram rasgados
Poemas amarrotados
Versos de falso amor
Para o fosso despejados...
Gavetas de novo se encheram
E os chás da meia noite
Para sempre arrefeceram...
Das rameiras que tanta vez,
Na casinha outrora entraram,
Tenho pena pois quem o fez,
Pode fingir um revés,
Mas não será feliz agora.
Para terminar e fechar,
a porta que ainda sobrou...
O som que comigo rolou
Também hoje se calou!
O corpo curvo e ressequido,
que saiu daquela casa,
hoje se ergueu e altivo...
hoje se ergueu e altivo...
Olha de cima quem passa!
Só desce para quem merece...
Para quem não presta, o olhar...
O seu olhar, já não olha!
Com indiferença trespassa!
E se algum dia a casinha...
Algum amor albergou...
Já não mora quem morou!!!
A. Victorino
A. Victorino
6 comentários:
Muito intenso,gostei muito ;)))
Beijinhos
António
Obrigada António Paulo, tem a intensidade de uma vitória conseguida mais cedo do que esperava. Beijinhos e volta sempre.
Boa noite querida amiga Ana…
(vou tentar ser breve)
Depois de tanto dormir hoje despertei para a escrita!!!!Aqui tens tu, um texto muito profundo, carregado de emoções, mas manifestamente cheio de fechaduras!!! A começar pelo titulo. Eu, através das tuas palavras apetece-me mudar para; “As Janelas da minha (tua) memória”. Isto para te dizer que infelizmente é impossível fechar as “portas e as janelas” da memória em qualquer pessoa saudável. Compreendo que utilizes essa expressão, mas tu própria se analisares as coisas, verificas que tudo o que nos toca fica… mais ao de leve, ou mais profundamente… somos porosos… feitos de sentidos para captarmos a matéria, e de alma para atribuirmos valor as coisas. Discordo do teu fechar de janelas. Em sentido figurado, tu abriste as portas e as janelas e libertas-te o que te prendia, hoje vives ainda a mandar para fora tudo o que te incomoda e não a fechar…Quem fecha sufoca, quem abre renova… e exemplo disso é a tua escrita e o que demais possas fazer … o sentido é abrir mãos!! Acredita, que quem abre os arquivos do passado, volta a SORRIR! Como prova disto, hoje com habilidade escreves os principais capítulos da tua história. Sem dares conta, a tua vitória, deve-se ao facto de desenvolveres um mecanismo de defesa psíquica, a resiliência e como tal estás a responder as adversidades com optimismo e equilíbrio, melhorando a cada passo. Valoriza quem te estima, respeita e de dá valor! A Felicidade está em nós, e naquilo que fazemos, o resto vêm por acréscimo. Para finalizar uma dica de Psicologia para todos nós:” Na vida andamos sobre três rodas: A nossa (a principal), a familiar, e a dos amigos…” Se uma falhar, mantêm-se o equilíbrio.
Um beijinho @ desta tua amiga…
Elisabete
Minha querida amiga, parece que é a primeira vez que discordamos, mas se me permites retaliar...eu digo que todos nós temos no peito "casinhas" várias....Obviamente que não poderemos estar em todas ao mesmo tempo. Tens razão num aspecto: as casinhas da família e da amizade não se deverão fechar nunca, porque são realmente o nosso pilar. As casas de má construção, essas acabam por se tornar perigosas e poderão ruir a qualquer minuto...Essas terão mesmo que ser fechadas, abandonadas e finalmente detonadas, para nos oferecerem um novo espaço, onde se poderão recriar, novas casas, novos espaços, novas vivências...enfim, uma vida nova e irremediavelmente melhor do que a anterior. Espero que me tenhas entendido...Beijinho amiga e é um prazer ter-te sempre aqui!!!
Quando todas as janelas se fecham, só temos uma saída, a porta e essa nunca a devemos fechar atrás de nós, porque existe sempre um amanhã...
Belo texto Ana, mostra a profundidade de um sofrimento recente.
Beijos e obrigado pela tua visita ao meu espaço.
Olá Martinho, eu é que agradeço.
Como bem dizes no teu perfil "Nunca batas com a porta, pois não sabes de um dia queres voltar" (algo parecido, não é) é um risco que temos que correr....existem portas e janelas que só se abrem na sequência de outras se encontrarem fechadas. Vale sempre a pena correr o risco, a probabilidade de encontrar uma casa onde nos sintamos mais felizes é sempre maior.
BEIJINHO
Enviar um comentário